ECONOMIA
Setor de alimentos lidera avanço da indústria nas exportações no RS em 2022, com alta de 35%.
   
Aumento na demanda dos produtos ajudam a explicar esse cenário.

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19/08/2022 10h07

   O crescimento das exportações da indústria do Rio Grande do Sul neste ano foi puxado, principalmente, pelo bom desempenho do grupo de alimentos. No acumulado de janeiro a julho, a indústria de transformação gaúcha somou US$ 9,7 bilhões em vendas para o mercado externo, o que representa avanço de 29% ante o mesmo período de 2021. O ramo de alimentos ocupa uma fatia de cerca de 36% desse valor, somando US$ 3,5 bilhões. Com essa quantia, o grupo aponta avanço de 35% em relação ao ano anterior, que registrou cerca de US$ 2,6 bilhões.

   Aumento na demanda por óleo de soja, novos mercados compradora e alta do preço médio dos produtos ajudam a explicar esse cenário, segundo especialistas. Os dados estão presentes em levantamento da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs).

   O economista-chefe da Fiergs, André Nunes de Nunes, afirma que esse crescimento do grupo de alimentos ocorre diante de uma série de fatores. Aumento de demanda por parte da China em relação ao óleo de soja é um desses elementos. Os valores gerados pela exportação desse produto avançaram 221,3% em 2022. Nunes lembra que, em um passado recente, o apetite maior ocorria em relação ao grão. Mudanças causadas pela política de combate ao coronavírus no país asiático podem explicar essa mudança na procura. Novos compradores externos para esse item e maior busca por proteína também ajudam a engrossar esse caldo, segundo o economista. “Tem um avanço também na parte de proteína, com procura maior do Oriente Médio, região que aumentou muito as compras”, pontua Nunes.

  O recorte por produtos com maior participação dentro dos valores levantados com exportação reforça a análise de Nunes. No acumulado do ano, soja, mesmo triturada, farelo de soja, carne de frango in natura e carne suína in natura estão entre os itens com maior valor acumulado de vendas para o Exterior. Olhando apenas o percentual de avanço, automóveis e óleo de soja lideram.

   O economista Marcos Lélis, professor da Escola de Gestão e Negócios da Unisinos, avalia que o aumento nos preços dos produtos diante da inflação que afeta o mundo também ajuda a aumentar o valor recebido com exportações. Como a moeda brasileira está desvalorizada frente ao dólar, esse fator influencia o crescimento do montante gerado pelas vendas externas, segundo o economista.

   “Os alimentos, nos últimos anos, tiveram majoração dos preços. Tem também a questão do conflito no leste europeu. E tudo isso vai refletindo no aumento do preço em dólar. Parte desse efeito é explicado pelo preço dos produtos.”

    Tendência nos últimos anos, agora em patamares mais altos

   A participação maior do grupo de alimentos dentro das exportações da indústria não é um movimento novo. Dados das Fiergs mostram esse ramo com números expressivos nos últimos anos, mas em patamar menor em relação a 2022.

   Olhando a indústria de transformação em geral, os grupos de tabaco, químicos, máquinas e equipamentos, couro e calçados e de veículos automotores, reboques e carrocerias dividem o topo da lista com os alimentos. O economista-chefe da Fiergs afirma que os números refletem a manutenção do aquecimento da demanda externa:

   “A gente ainda está vendo um mundo aquecido. Então, temos um prognóstico positivo para o segundo semestre no âmbito das exportações. A gente vê indústrias com vários pedidos em carteira para o Exterior”.

   No entanto, Nunes destaca que o setor é cético em relação à continuidade desse movimento para o próximo ano. Isso ocorre porque os prognósticos apontam economia crescendo menos no mundo em 2023, com políticas monetárias restritivas, que devem provocar desaceleração.

   O professor Marcos Lélis, da Unisinos, também faz análise nesse sentido. Menor desvalorização do real frente ao dólar, eventual flexibilização da política contra a covid-19 na China e aperto de cinto na economia de alguns países podem colocar um freio nas exportações do Estado e do país, segundo o economista.


   

  

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