Rio Grande do Sul registra crescimento de 466% em hospitalizações por gripe
Dados são referentes às internações nas 11 primeiras semanas epidemiológicas de 2023 e 2024.

Por Divulgação
19/03/2024 09h30

As internações devido à influenza, o vírus responsável pela gripe, aumentaram em 466% durante as 11 primeiras semanas epidemiológicas de 2024 em comparação com o mesmo período do ano anterior. Os dados, provenientes da Secretaria Estadual da Saúde (SES), abrangem pacientes diagnosticados com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), caracterizada por sintomas como falta de ar, desconforto respiratório, pressão no peito, saturação de oxigênio abaixo de 95% e coloração azulada nos lábios ou no rosto (cianose).

Até sábado, dia 16, o vírus levou à hospitalização de 136 pessoas no estado, em comparação com 24 internações no mesmo período de 2023. A contagem de pacientes com formas graves da doença pode aumentar, já que 196 casos estão aguardando resultados laboratoriais para confirmar o vírus. A proporção de hospitalizações foi mais significativa entre pacientes com 40 anos ou mais.

Também foi registrado um aumento no número de mortes por gripe: sete pessoas faleceram devido à doença nas 11 primeiras semanas epidemiológicas deste ano, em comparação com duas no mesmo período de 2023.

O aumento significativo nos casos de influenza levou o Ministério da Saúde (MS) a anunciar, em fevereiro, a antecipação da campanha de vacinação para o dia 25 de março. O Estado recebeu 480 mil doses de vacinas na última segunda-feira, dia 18, e planeja iniciar o processo de imunização nos próximos dias.

"O aumento nos casos de influenza começou em fevereiro e tem se intensificado nas últimas semanas. Isso não era algo esperado, pelo menos nos anos anteriores à pandemia. Até 2020, o vírus tinha um padrão sazonal, começando a circular em abril e maio. Agora estamos observando esse aumento no meio do verão, bem antes do outono", afirma Alexandre Zavascki, chefe do Serviço de Infectologia e Controle de Infecção do Hospital Moinhos de Vento.

Ontem, dia 18, o hospital registrava cinco pacientes internados com diagnóstico positivo para a doença, sendo duas crianças e três adultos. No entanto, nenhum deles estava em unidades de terapia intensiva (UTI). Os especialistas ainda não têm clareza sobre os motivos que causaram essa mudança no padrão de infecção, de acordo com Zavascki tem sido difícil explicar essa perda de sazonalidade “é como se tivesse ocorrido uma desregulação no ciclo da influenza, que é classicamente associada ao frio. Temos observado que, desde dezembro de 2021 – quando tínhamos muitos casos de covid-19 –, ela começou a aparecer fora de época. São três anos consecutivos com ocorrência de momentos de gravidade fora do inverno.

De acordo com o boletim mais recente sobre doenças respiratórias no RS, divulgado pela Secretaria de Saúde na semana passada, a cobertura vacinal dos gaúchos contra o vírus influenza em 2023 ficou abaixo da meta estabelecida pelo Ministério da Saúde (MS), que visa imunizar pelo menos 90% de cada grupo prioritário. Os idosos apresentaram a maior cobertura vacinal, alcançando 61,6%, enquanto as crianças registraram a menor imunização, com apenas 43,1%. Abaixo está o percentual de vacinação de cada grupo no Estado:

Povos indígenas – 58,4%
Idosos – 61,6%
Trabalhadores da saúde – 53,9%
Professores – 52,3%
Crianças –43,15%
Gestantes – 54%
Puérperas – 49,4%
 

Conforme Zavascki, a baixa cobertura pode, em parte, ajudar a explicar mudanças no perfil da gripe no Estado. “A diminuição da cobertura vacinal reduz a imunidade coletiva, facilitando a circulação de vírus. A vacina começa a exercer proteção significativa em duas semanas e protege quem se imunizou recentemente e quem está há mais tempo sem se vacinar. A imunização é importante porque não sabemos quando será o pico de casos, como sabíamos, no passado, que ocorreria em junho ou julho”, acrescenta.

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